10/06/2021
A estressada e ansiosa infância do século 21
A infância do século 21 pouco lembra àquela vivida há apenas algumas décadas. Coisas simples como pisar na grama com os pés descalços, ouvir os sons da natureza e brincar de forma simples e rudimentar são atividades cada vez mais raras, substituídas gradativamente pelo frenesi de um mundo com pressa que invade nossas relações e impacta as vidas das crianças que amamos, sejam elas nossos filhos, pupilos, sobrinhos ou netos. O fato é que a vida real tem perdido espaço para a virtual.
Não foi há muito tempo que vi uma criança chorando inconsolavelmente por ter seu “tablet” levado, pois, era hora do jantar. Ela sofria não pelo tablet em si, um objeto que não possui nenhuma graça natural ou apelo à diversão - diferente de um carrinho ou boneca, mas pelas experiências virtuais que este proporciona à uma mente curiosa em desenvolvimento. Talvez apenas mais uma partida de Angry Birds ou um vídeo da Turma da Galinha Pintadinha.
O que vemos é um amadurecimento repentino, através do qual crianças deixam de ser ingênuas crianças num “click”, tornando-se consumidoras de informação e viciadas (por mais duro que a palavra soe) pelas experiências agradáveis que o mundo virtual proporciona.
A triste constatação é que a paz tão celebrada por pais ao perceberem que seus filhos ficam horas entretidos como que hipnotizados pela tela brilhante, guarda um risco até certo ponto desconhecido ou ignorado: o aumento do estresse e ansiedade em seus filhos.
Tal fenômeno ocorrendo em públicos cada vez mais jovens levou dois pesquisadores a se debruçarem sobre o tema, Jean Tweng e Stacy Campbel. Os resultados desse trabalho foram publicados no artigo "Associações entre tempo de tela e menor bem-estar psicológico entre crianças e adolescentes: evidências de um estudo de base populacional", publicado na revista cientifíca "Preventative Medicine Reports".
O estudo comprovou que mesmo uma hora de tela diariamente, crianças e adolescentes podem experimentar menos curiosidade, menor autocontrole, menos estabilidade emocional e maior incapacidade de terminar tarefas.
A pesquisa não revelou que tipo de conteúdo consumido pelas crianças e jovens podem estar mais relacionados aos comportamentos observados. Entretanto, promover uma riqueza de experiências, favorecendo as relações reais e reduzindo a exposição a conteúdos digitais garantirá o melhor desenvolvimento cognitivo e equilíbrio emocional das crianças e adolescentes.
Separamos 5 livros que o ajudarão nesta jornada:
Como apresentado em sua capa (tablets e smartphones desligados), o autor leva filhos e seus responsáveis a perceber o mundo ao seu redor e se conectarem ao presente momento.
Ajuda crianças a reconhecer e lidar com seus sentimentos. De acordo com a autora, "o primeiro passo para desenvolver a inteligência emocional e social é saber dar nome aos nossos sentimentos".
Esse livro descreve um conjunto de jogos e brincadeiras – envolvendo conceitos e habilidades que são comumente trabalhados com crianças de nível pré-escolar.
Este livro compreende 80 contos de várias regiões do mundo, oferecendo ao leitor uma viagem divertida e curiosa pelos diversos universos culturais.
O livro apresenta vários exercícios para desenvolver a atenção plena (mindfulness) para que os pais, educadores, tutores e professores as conduzam de forma lúdica, leve e divertida.